História: Tentar criar uma moeda digital - assim como uma economia - e tão antigo quanto à própria WWW. Uma das primeiras tentativas usando criptografia foi a do “americano” ECash da DigiCash de David Chaum de 1983, um anônimo dinheiro eletrônico baseado em sistemas de caixa eletrônico.
Outro foi o E-gold da Gold & Silver Reserve Inc. (G&SR) de São Cristóvão e Nevis, uma das primeiras “e-currencies” fundada em 1996. Era baseada no ouro. Outro conhecido serviço de moeda digital semelhante ao E-gold era o Liberty Reserve da Costa Rica, fundado em 2006. O “Patriot Act” fechou a barraca deles em 2013. E não podemos esquecer do “Linden dólar” do Second Life, jogo da Linden Lab criado em 2003.
Mais todas essas “moedas” tinha um pé no real, talvez a mais virtual delas seja o dólar da Linden. Mais ai chega um japonesinho e muda tudo, e pela primeira vez temos uma moeda virtual, e descentralizada, para valer. Sua grande sacada foi o uso de uma “blockchain”, que nada mais é do que um banco de dados de transações seqüenciais, e é nesta parte que o Bitcoin é revolucionário.
Apresentando: Bitcoin é uma criptomoeda cuja criação e transferência é baseada em protocolos de código fonte aberto de criptografia que é independente de qualquer autoridade central. Um Bitcoin pode ser transferido por um computador ou smartphone sem uma instituição financeira intermediária. O conceito foi introduzido em 2008 num “paper” publicado por um programador – ou programadores - com o pseudônimo de Satoshi Nakamoto. Hoje o sistema é organizado por uma fundação que têm como principal cabeça Gavin Andresen.
O sistema nada mais é do que uma implantação do já manjado sistema P2P, e da criptografia de chaves publicas, para a criação de uma moeda digital. Você cede um pouco do seu poder computacional (através de softwares como "CGMiner" e "BFGMiner") para a organização e a validação das transações da rede – além é claro da fabricação da própria moeda - e ganha uma compensação por isso; o trabalho é chamado de mineração (Bitcoin mining).
Não dá para explicar todo o funcionamento em poucas linhas, e nem é o objetivo deste texto. No site Bitcoin.org você pode se aprofundar mais no funcionamento do sistema, e de outras particularidades deste universo. Este é um dos principais sites ligados a Bitcoin Foundation.
A carteira (Wallet): Para usar o Bitcoin tem que ter um software de “carteira” (Wallet), que pode ser local, baseadas em serviços na internet ou híbridas. Neste programa é onde são gerados os endereços alfanuméricos, criptografados (com uma chave publica e outra privada). Eles são responsáveis por receber, ou enviar, os “coins” que estão na sua carteira virtual. Na verdade basicamente esses endereços são a própria carteira em si. Mais qual usar?
O Electrum Wallet, versão portable, foi a minha escolha. Por que? Ele é rápido, leve e não é preciso baixar o blockchain todo. Neste software há o recurso da “seed” (um conjunto de 12 palavras aleatórias) que são responsáveis por recuperar ou restaurar a carteira, este sistema é independente da senha. Por isso cuidado, guarde-o fora de seu PC se possível em local com senha. O problema que notei é que mesmo habilitando o recurso de idiomas, a interface o software permanece em inglês; o que pode dificultar a compreensão de algumas coisas.
Segurança: Como meio digital que é o Bitcoin – e qualquer outra criptomoeda - é passível de erros, “bugs” e ataques, por isso cuidado com as senhas e o backup de sua carteira. Guarde senhas, “seeds” e o backup da carteira (wallet.dat) fora de seu computador (pendrives, CDs ou outros meios de armazenamento). Não os guarde nas “nuvens” nem em celulares, tablets e afins, se perder não há volta.
Privacidade: Há muitos que apregoam aos quatro vento a anônimidade do Bitcoin, não, ele não é totalmente anônimo. Todas as transações são públicas, e podem ser vistas no site Blockchain.info, mas elas não são facilmente identificáveis. O problema às vezes e que se você identificar um determinado endereço – como para doações - e usá-lo com freqüência é possível o rastreio de qualquer transação.
Se informe: Há vários sites para informa-se sobre este mundo e o serviço prestado por algumas empresas, como o fórum Bitcointalk, e os sites Bitcoin News, Best Bitcoin. Informação nunca é demais neste ramo, já que não há a quem reclamar se algum serviço der alguma zebra. Um serviço de utilidade prestado pelo Dâniel Fraga e a Loja Bitcoin onde se pode encontra uma lista de estabelecimentos físicos que aceitam a moeda no Brasil.
Coisas a se saber: Quem vai minerar e preciso saber a taxa de dificuldade de minerar os blocos, que aumenta sempre e ser o Pool usado cobra taxas a mais. Para quem negocia, e faz transferência, e bom saber que há uma taxa por cada transação que pode variar de 20000 a 10000 essa é uma forma de incentivar os mineiros. Não há como fugir dessa taxa, pois no futuro ela será a única forma de “pagar” aos mineiros.
Panfletagem ideológica: Uma coisa que achei estranho foi o apropriamento do Bitcoim como uma bandeira da nova modinha dos brasileiros, o “libertarianismo”, ou sua pior vertente, o tal do “anarcocapitalismo”. Não acho que o Bitcoin, ou qualquer outra criptomoeda, seja o “paraíso do livre mercado”. Acho que pessoas que acreditam nisso vivem no mundo da lua. Mais a porta que ele abriu ninguém fecha.
Próximo: Bitcoin: Como conseguir.
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