O que poderia ser chamada de 4ª geração na história dos computadores realmente não existe. A principal característica desta suposta geração seria o uso dos circuitos integrados (os chips) no processamento, mas o uso deles vinha sendo usados, em outras áreas como memória, desde a terceira. Isso não faz o menor sentido, e alguns ainda introduzem uma quinta geração, para lá de subjetiva.
A invenção do chip de processamento pela Intel (projeto MCS-4004 - Intel 4004 de 1971), é meio nebulosa, já que como sempre á idéia se deve a outro. Em grande parte a japonesa Busicom, com a participação de Masatoshi Shima, e ao italiano Federico Faggin; este posteriormente criaria uma grande rival da Intel, a Zilog. Eles são sumariamente descartados em detrimento da Intel, apesar de nos últimos anos seus feitos terem aparecidos.
Mas esse chip era para calculadoras. O primeiro destinado a computação em geral foi o Intel 8008 (8-bits) de 1972, o pai da arquitetura x86, isso é claro se desconsideramos os desconhecidos Fairchild PPS-25 de 1971 e o Rockwell PPS-4 de 1972, o projeto foi encabeçado por Federico Faggin, Ted Hoff, Jr e Stanley Mazor, com a colaboração de Larry Potter da IBM. Mas não era nada original, e Faggin é às vezes suprimido da história.
Este chip é derivado diretamente do trabalho de Harry Pyle, Victor Poor e Jonathan Schmidt da CTC no projeto do processador em chips TTL feitos para o Datapoint 2200. Mais quais são os computadores protagonistas dessa geração que o usavam?
O francês Micral N lançando em 1973 pela Réalisation d'Études électroniques (R2E), e entregue para o Institut National de la Recherche Agronomique (INRA) pode ser considerado o primeiro microcomputador a usar um chip de processamento. É também o pioneiro desta geração, apesar de não ser um computador de “uso geral”. Ele é a ponte entre os Kenbak-1, Datapoint 2200 e os “computadores kits” tão comuns na década 70.
Usava o chip Intel 8008 de 8-bits, 500 kHz, e um chip MOS como memória. E uma ROM (MIC 01 e ASIMIC 01) Possuía um conector de 74 vias (PluriBus) usado para periféricos que podia aceitar 14 placas. Possuía suporte a entradas e saídas seriais e paralelas. A operação era por um teletipo. Era programado na própria linguagem assembly do processador via fita perfurada. Possuía um painel de controle opcional.
Do lado “americano” o Scelbi-8H da Scientific Electronic Biológical (Scelbi), lançado em março de 1974. Tinha uma proposta igual ao francês, o que o diferenciava era sua apresentação, em forma de kits nas revistas QST, Rádio-Eletrônica e Byte. Ele praticamente iniciou o fenômeno dos kits.
Usava o Intel 8008, e memória de 1K expansível a 16K. Era programado em linguagem assembly. Mais tarde surgiu o Machine Language Programming for the 8008 and Similar Microcomputers; o primeiro livro de programação a conter um esboço do que viria a ser o conceito de código aberto.
O “americano” Mark-8 foi projetado pelo estudante Jonathan Titus e anunciado como um "kit de computador” na edição de julho 1974 da revista Radio-Eletrônica. O projeto era curioso já que em ver de entregar o kit completo para a montagem, eram apresentados os esquemas das placas de circuitos, e dos componentes usados, e você mesmo construía seu computador; bem na linha “faça você mesmo”.
O australiano EDUC-8 de agosto de 1975, apresentado na revista Electronics Austrália, usava chips TTL de 8-bits para processamento com clock de 500khz, baseando-se na arquitetura do PDP-8 da DEC, e possuía portas de entrada e saídas seriais, 256-bits de memória. Painéis luminosos e interruptores. Podia acoplar-se teclado, leitor e perfurado de fitas, monitor, teletipo e gravador de fitas. Era nitidamente um computador em formato de kit para fins educacionais.
O MITS Altair 8800 de janeiro de 1975, apresentado na revista Popular Electronics. Foi produzido pela MITS (Micro Instrumentation and Telemetry Systems). Ele foi o primeiro à ser vendido completo, mas apesar do marketing posterior de incentivado da microinformática ele foi um verdadeiro fiasco, seu clone teve bem mais sucesso que ele próprio. Talvez seu pioneirismo de “hoje” se deva a certo indivíduo.
Usava o chip Intel 8080 de 8-bits e 4K de memória, e usava S-100 como “bus” para as placas de expansões. Usava fita de papel como entrada e armazenamento, e um painel luminoso. Foi onde a MS começou a traquinagem com o seu Altair BASIC.
O IMSAI 8080 da IMS Associates, Inc de 1975. Ele nada mais era que um Altair 8800 com algo de útil para se fazer com ele, ao invés de ver luzes piscando. Foi o primeiro microcomputador clone, e o pioneiro da informatização de pequenos escritórios.
Usava o mesmo hardware do MITS. O sistema era o IMDOS, baseado no CP/M da Digital Research. Possuía conexões para K7 e disquete. Usava ainda um disco rígido CDC Hank de 5MB. O painel era formado por LEDs de indicação e a operação era por interruptores e a saída por uma impressora.
Apple-1 de Steve Wozniak em 11 de Abril de 1976 com a contribuição de Steve Jobs, apesar de hoje até o próprio negar alguma participação de Jobs. Ele foi o primeiro computador verdadeiramente pessoal, apesar de ser ainda um kit.
Usava um chip 6502 da MOS Technology a 1Mhz com 4KB RAM expansível até 8KB. Era vendido numa placa, e para o uso era só adicionar teclado, monitor, sistema de alimentação e o gabinete. Seu mérito foi a visa de Jobs do que seria o futuro da microinformática desde a Homebrew Computer Club em Palo Alto, Califórnia. Se não fosse por isso muito provavelmente ainda estaríamos hoje no estagio que a robótica se encontra.
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