sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Sensacionalismo humanitário.

HaitiEsperei um bom tempo depois da tragédia no Haiti para escrever essa crônica, pois sabia que ela não surtiria nenhum efeito em quem a lê-se, mas e agora cadê toda a comoção e a pena pelos haitianos? Depois do terremoto eles não são mais merecedores de nossa compaixão? Na época do ocorrido um conhecido blog fez um post em que o autor satirizava a comoção e até a falta de conhecimento que outros países tinham do Haiti.

Ouve mais alarido com isso do que com a tragédia; o que o terremoto fez apenas agravou, e chamou a atenção, para a completa falência do estado haitiano. Mas o cumulo mesmo foi o reverendo evangélico Pat Robertson que disse que só ocorrem desgraças no Haiti por causa do pacto feito com o diabo, desse ninguém reclamou; vocês podem ver o artigo do Cardoso e o seu quase mea culpa no Contraditorium.

Mas o qual seria o problema disso tudo? O grande problema com a “situação do Haiti” é o mesmo com todas as outras “situações” que nós vemos por aí. Foi assim no Ano Novo com os desabamentos e inundações, e antes disso com os escândalos políticos; e por aí vai. Um monte de desastres, escândalos ou acidentes que aconteceram, e continuam acontecendo por:

a) Burrice (Construções em volta de vulcões e placas instáveis, ou qualquer outra merda geográfica, homens destruindo florestas e o meio ambiente).
b) Burrice (Um babaca “cientista” achou que seria legal modificar um vírus e testar em seres vivos pra ver o que ele fazia).
c) Burrice (Uma grande figura política pensou “Hum, ninguém perceberia se eu desviasse todos esses bilhões dos fundos para crianças sem braço e compra-se panetone, não é mesmo?”).

No final para amenizar as coisas, sempre aparece um grande conhecedor do texto XY da Bíblia ou um imbecil de um “cientista” com PhD em arrogância e diz: “Eu sabia! É um sinal de Deus que o Diabo se faz presente!” ou “foi à zona de convergência do atlântico”. Todo mundo concorda, abaixa a cabeça e reza pelos pobres coitados afetados. Simplesmente porque é mais fácil aceitar que algo que não exista é responsável pelos erros que nós mesmos cometemos.

E é claro que ninguém pode fazer piada com isso porque esfregar na cara de todo mundo que não foi um “ato divino” ou contestar a “cientificidade” do fato está pau a pau com, matar gatinhos afogados ou empurrar velhinhas pela escada abaixo. Não se pode exigir bom senso de gente que foi criada para aceitar as coisas como elas são.

Enquanto 30 pessoas lutam para mudar a situação anonimamente, 30000 rezam todos os dias para que Deus faça com que tudo dê certo, ou estão fazem como os hipócritas artistas hollywoodianos politicamente corretos, e seu “grandioso país”; Mas levantar a bunda da cadeira e fazer alguma coisa boa sem visar o mérito para variar, que é bom, nada. “O mundo recompensa com mais freqüência as aparências do mérito do que o próprio mérito.” Máximas, François, Duque de La Rochefoucauld.

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