O que define um computador? Geralmente são de duas maneiras: Primeiro o uso da teoria computacional do inglês Alan Turing, e em segundo a arquitetura do judeu húngaro John von Neumann, ainda que exista a arquitetura Harvard. Esse dois são os pilares para se conceituar e teorizar o computador. Isso não quer dizer que antes destes não houvesse tais aparelhos, pois muitos tinham princípios semelhantes como às máquinas de Konrad Zuse.
A teoria da máquina universal de Turing (MTU) consiste basicamente em um dispositivo que seja capaz de decodificar (ler) símbolos dispostos em uma fita, ou outro meio de armazenamento, e com base em uma programação determinada decidir o que fazer com eles (processamento).
A arquitetura IAS de von Neumann defini-se em armazena a programação no mesmo espaço de memória que os dados processados, podendo assim manipulá-los. Utiliza uma unidade de trabalho (CPU) e uma de armazenamento (memória) que comportar, respectivamente, instruções e dados.
Baseando-se nisso o primeiro computador foi muito provavelmente o alemão Zuse Z3 um eletromecânico (usava relés para o processamento, memória, a 5,3 Hz). Era binário de ponto flutuante, e foi fabricado por Konrad Zuse, e entregue em maio de 1941 para a Deutsche Versuchsanstalt für Luftfahrt (Centro Aeroespacial Alemão). Não possuía um ramo condicional (branch), portanto não era considerado um (MTU). Sua programação se dava através de filmes perfurados de 35mn. Utilizava como entrada auxiliar dos dados um teclado simplificado, e como saída um painel luminoso. Gastava 4 kW.
Era revolucionário para a época. Usava computação binária - sem influência das teorias do “americano” Claude Shannon - e ponto flutuante, tecnologia que só iria aparecer nos computadores aliados anos mais tarde. Era teoricamente uma Máquina Turing universal (MTU), como demonstrou Raúl Rojas em 1998.
O “americano” Atanasoff-Berry Computer (ABC) um binário eletrônico valvulado (tríodos e tiratrons com freqüência a 60 Hz) construído em 1942 por John Vincent Atanasoff e Clifford Berry para o Iowa State College e o segundo colocado. Ele não era uma MTU (não possuía um ramo condicional) e não era programável. Foi feito para cálculos lineares (baseados nos trabalhos do ucraniano Mikhail Kravchuk), o que poderia invalidar seu posto na lista. A entrada de dados era através de um leitor de cartões perfurados padrão IBM e saída por um sistema de perfuração de cartões. Seu controle era por interruptores que definia as três funções básicas, ler escrever e conversão em binário e decimal.
Ele tinha algumas particularidades como às unidades de memória (dois tambores com capacitores de memória regenerativa) e a de processamento em separados. E o a capacidade de processamento em paralelo. Os capacitores de memória regenerativa e um princípio usado até hoje nas conhecidas DRAMs. Apesar dos muitos avanços este computador e completamente ignorado pelos estudiosos do assunto.
O britânico Colossus Mark I de fevereiro de 1944 projetado por Tommy Flowers do Post Office Research Station para a Government Code and Cypher School (GCCS) em Bletchley Park. Era binário, eletrônico valvulado (com tiratrons, além de relés), sem unidade de memória interna, programado por interruptores. Não era um Turing universal. Era usado para a decifração de códigos criptográficos alemães (criptoanálise da cifra de Lorenz das máquinas Lorenz baseado no trabalho de Max Newman). A entrada de dados era por fitas de papel perfuradas lidas através de um fotomultiplicador, e a saída se dava através de um telex. Em junho de 1944, passou por uma atualização (Mark II) e em teoria passou a ser uma máquina Turing universal.
Em maio de 1944 o “americano” Harvard Mark I - IBM Automatic Sequence Controlled Calculator (ASCC) e entregue a Universidade de Harvard. Era decimal, eletromecânico (usava relés, eixos de rotação e embreagens). Desenvolvido por Howard H. Aiken e fabricado na IBM. Não era uma MTU, não possui ramo condicional, era programado por 60 canais de 24 interruptores cada. A entrada de dados e dos programas – que eram separados - era através de fitas de papel perfurado com as extremidades das fitas ligadas para dar um efeito de loop. É o pai da arquitetura Harvard. Gastava 4 kW.
O alemão Zuse Z4 da Zuse Apparatebau de março de 1945 era um eletro-mecânico, digital de ponto flutuante, programado por película de 35 mm perfuradas, mas era uma máquina Turing universal com ramo condicional. Foi o primeiro computador a ser vendido - para a ETH Zürich (Instituto Federal de Tecnologia de Zurique) - é não fabricado em parceria. Tinha a entrada de dados semelhante ao Z3 mais com alguns aperfeiçoamentos como o uso de uma segunda leitora de fita que simulava uma sub-rotina e a saída se dava por fitas perfuradas ou uma máquina de escrever “Mercedes”.
O “americano” ENIAC (Electronic Numerical Integrator And Computer) desenvolvido por John Mauchly e J. Presper Eckert da Escola Moore de Engenharia Elétrica da Universidade da Pennsylvania e entregue em julho 1946 para o Laboratório de Pesquisa Balística em Aberdeen Proving Ground. Ele era decimal, eletrônico valvulado e tinha um conceito modular. Era programado por interruptores. Usava os cartões perfurados padrão IBM como entrada e saída dos dados. Era um Turing universal, mais nunca foi usado como caráter geral e sim para cálculos de balística. Em setembro de 1948 passa por uma atualização. Gastava estonteantes 150 kW.
Ele protagonizou também um das primeiras tentativas de picaretagem no ramo da informática, já que a Sperry Rand detinha as patentes da Eckert-Mauchly Computer Corporation (EMCC) via Remington Rand e tentaram lucrar com a invenção do computador eletrônico, o que a própria justiça americana considerou invalida em 1973, pois já havia o ABC.
Mais qual foi o primeiro computador? A resposta pode ser bem mais complexa do que possa parecer, o Z3 foi realmente o primeiro “computador” da história, mas não era de propósito geral, o ENIAC – considerado por muitos o primeiro – pode ser no máximo o pioneiro da computação eletrônica, ou não.
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sexta-feira, 10 de maio de 2013
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